sábado, 17 de dezembro de 2011

abri meus olhos pela manhã.
a noite não foi apenas de sono. não houve apenas um sonho.
foi tudo uma grande peça, pregada pela memória.
ela se aproveitou do meu momento de fraqueza,
quando a crítica se esvai, os olhos se fecham, o coração desacelera.
quando as notas finais e obsessivas - desse perfume que chamo de personalidade - simplesmente sumiram.
e a mente se abriu, e cores, vivências, alegrias e amores saíram galopando:
saíram pelos poros, ouvidos, nariz, boca e orelhas sem minha permissão....
fluturam pela sala e preencheram o vazio que sua ausência me traz.

imagens dançaram pelo ar, construções se materializaram pelas paredes, grama nasceu pelo tapete, carros corriam em alta velocidade pelo teto, carrosséis giravam e giravam, sons abafados se ouviam por todo lado:
gargalhadas, choros, gemidos, realejos, canções, pianos e baixos.
tudo de maneira deseperada e acelerada, como quem tenta passar uma mensagem e não fala sua língua. como se precisasse passar a mensagem para ontem.

um pequeno universo, funcionando a pleno vapor pela sala,
uma pequena degustação daquilo que um dia foi real,
uma pequena lembrança, para que eu jamais esqueça de tudo o que me fez ser como sou.
uma grande peça para que eu saiba que eu sou eu.

ao longo dos dias e rotina meu eu se esvai, minha força esmaece e meu tempero suaviza - e eu passo a não ser eu: em meu império, devo ser eu.

me diga, por que acreditamos no amanhã?
me diga, o que faz você acreditar no amanhã?